Situado na modesta cidade de aproximadamente 17 mil habitantes, o
Mosteiro de Alcobaça é considerado uma das 7 maravilhas de Portugal (A
outras maravilhas são: Castelo de Guimarães, Castelo de Óbidos,
Mosteiro da Batalha,
Mosteiro dos Jerónimos, Palácio da Pena e a
Torre de Belém).
Localizado entre os rios Alcoa e Baça, a construção do mosteiro foi
iniciada em 1179 durante o reinado de D. Afonso Henriques-O conquistador
e foi conduzida pelos Monges da Ordem de Cister que já residiam em
território português desde 1144.
A ordem de Cister foi Fundada em Borgonha-França pelo abade Roberto de
Champagne em conjunto com outros monges que deixaram a Ordem de Cluny
para seguir as
Regras de São Bento.
Embora não tenha sido um dos fundadores, foi nesta ordem que viveu
Bernardo de Claraval (São Bernardo) personagem de grande influencia no
período das cruzadas e na criação do estado português. São Bernardo foi
nomeado secretario do concílio de Troyes onde intercedeu para o
reconhecimento da Ordem do Templo ou Cavaleiros Templários (ordem que D.
Afonso Henriques pertencia) e intercedeu junto ao Papa para o
reconhecimento da independência de Portugal.
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Fachada do mosteiro de Alcobaça. |
Durante o período da reconquista D. Afonso Henriques concedeu diversas
áreas nos territórios conquistados para nobres e principalmente para
ordens religiosas como os Cisters, os templários, a ordem de Avis e a
ordem de Malta que alem de criarem centros culturais/religiosos nas
regiões recebidas pelo Rei, poderiam dar apoio logístico (principalmente
fornecendo alimentos aos soldados) e militar (no caso dos monges
guerreiros) para a reconquista cristã....... Essa tática de povoamento
foi ainda mais explorada por seu sucessor Sancho I - o povoador que
fortaleceu os centros criados por seu pai e fundou cidades como Guarda
(1199), Covilhã (1186), Viseu (1187).
Como chegar:
Carro - Para chegar a Alcobaça vindo de Lisboa ou Leiria o melhor
acesso é pela autoestrada A8 (pegar a saída para Alcobaça/Nazaré/Valado
dos Frades) e posteriormente pegar a estrada nacional N8.
Se você estiver em Fátima, é possível ir para Alcobaça pela IC9 e
posteriormente pegar a N8 quem optar por esse caminho, não deixe de
visitar o
Mosteiro da Batalha.
Ônibus - É possível chegar a Alcobaça saindo das principais
cidades portuguesas. Para obter mais informações sobre preços e horários
de ônibus
clique aqui.
Trem - Como Alcobaça não possui estação de trem, os viajantes
devem descer na Gare de Valado que fica a 5 km de Alcobaça. Cuidado, não
sei se há transporte fácil de Valado para Alcobaça. Para mais
informações sobre horários e preços dos trens em Portugal
acesse aqui.
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arFachada do mosteiro de Alcobaça. |
Arquitetonicamente falando, a maior parte do mosteiro foi construída no
estilo gótico, mas algumas instalações que foram construídas no estilo
Barroco (fachada, Cozinha e parte da sacristia) e manuelino (Sacristia
e Sobreclaustro). Na entrada da Igreja temos as estatuas de São Bento e
São Bernardo. Acima dos dois Santos temos as estatuas das quatro
Virtudes Cardeais que representam a Fortaleza, Prudência, Justiça e
Temperança (Quer saber a importância/significado dessas virtudes,
clique aqui). No nicho central da fachada temos a imagem de nossa Senhora da Assunção.
Para melhor contar a historia e mostrar com mais detalhes o interior do
mosteiro, irei dividir a visita do mosteiro nos tópicos abaixo:
A Igreja - A monumental igreja do mosteiro construída em
forma de cruz latina possui 106 metros de comprimento e 22 metros de
altura, essas dimensões garantem ao templo o titulo de maior igreja
portuguesa. Apesar do Tamanho, a igreja de Alcobaça segue a regra
beneditina que prega a modéstia, a humildade e exige de seus monges
isolamento do mundo e uma vida de serviço a Deus. Os cistercienses
seguiam essa ideologia e construíam suas igrejas sem grandes ornamentos
com estruturas simples e poupada. O altar-mor é limitado por nove
capelas radiais no qual se destaca a capela de São Bernardo onde há o
retabulo de sua morte.
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Interior da Igreja do Mosteiro de Alcobaça. |
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Capela de São Bernardo. |
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Cruz florenciada talhada nas pedras do convento |
Nas paredes da igreja é possível ver em vários lugares a cruz
florenciada. Esta cruz foi o símbolo usado pelos cavaleiros de Avis e
posteriormente pela Dinastia de Avis (de D. João I - 1385 à D.Henrique I
- 1580). Essa referencia à ordem de Avis na Igreja da ordem de Cister
provavelmente é por causa do Rei D. João I que foi grão-mestre da ordem
de Avis assim como membro da ordem de Cister. Ambas as ordens seguiam as
regras de São Bento.
Nos blocos de granito usados na construção da igreja, é possível ver
vários símbolos que para mim não seguiam nenhum padrão. Conversando com o
pessoal que trabalha no mosteiro fiquei sabendo que há um estudo sobre o
significa dos símbolos, mas ainda não há nada publicado.
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Entrada Manuelina da sacristia nova. |
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Símbolos nas pedras da igreja |
O transepto da igreja guarda os túmulos de D. Pedro I (Ancestral do nosso D. Pedro que aqui em Portugal tinha o titulo de Pedro IV) e D. Inês de Castro.
O Infante Pedro I de Portugal (filho do Rei D. Afonso IV) herdeiro do
trono português casou-se com D. Constança Manuel (Filha de D. João de
Castela). Após o casamento, o infante conheceu Inês de Castro (uma dama
de companhia D. Constança) por quem se apaixonou. O relacionamento entre
o Infante e a Dama ligada a Castela não foi muito bem aceita pela
corte, povo e tão pouco pelo Rei D. Afonso IV mandou exilar D. Inês no
castelo de Alburquerque. Durante esse período o amor do infante não se
extinguiu e reza a lenda que os amantes trocavam cartas com certa
frequência.
Um ano após o exílio de Inês, e a morte de D. Constança durante o parto
do futuro rei, D. Fernando I, D. Pedro I mandou sua amante retornar do
exílio e passaram a viver junto. O infante Pedro I teve outros filhos
com D. Inês fato que piorou a relação entre o Infante e o Rei que temia
uma conspiração da família Castro para matar D. Fernando I o legitimo
herdeiro ao trono português e revindicar o trono para um dos filhos
bastardos de D. Pedro I e D. Inês de Castro. Devido a esse Temor mais os
boatos que o D. Pedro I havia se casado secretamente com sua amante, o
Rei mandou assassinar D. Inês Castro.
Dois anos após a morta da amada, D. Pedro I se tronou o 8º Rei
português, legitimou seu casamento com D. Inês de Castro, exumou seu
corpo de sua amada e a corou diante da corte. Após a coroação, D. Pedro I
perseguiu, matou e arrancou os corações de dois dos assassinos de seu
grande amor que haviam fugido para a Espanha.O 3º assassino que foi
exilado na França foi perdoado anos mais tarde. Esse episodio rendeu o
codinome de o Justiceiro e o Cruel ao Rei D. Pedro I.
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Tumulo construído a mando de D. Pedro I para D. Inês de Castro. |
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Túmulo de D. Pedro I em face ao túmulo de sua amada. |
Em frente ao tumulo de D. Pedro I temos uma entrada para o Panteão Real.
O Panteão de Alcobaça foi o segundo Panteão Real de Portugal (1º foi em
Coimbra onde estão D. Afonso I e D. Sancho I). Aqui em Alcobaça estão
sepultados D. Afonso II e D. Afonso III alem de outros membros da
família de Afonso II.
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Panteão Real do Mosteiro de Alcobaça |
A visita
a Igreja do mosteiro de alcobaça
é gratuita, no entanto, para visitar as outras alas do mosteiro os viajantes precisaram desembolsar
6 Euros. Para mais informações, horários de visitas e desconto para grupos
clique aqui. Para quem não conhece ou pretende visitar o mosteiro vou dar uma prévia do que pode ser visto no local.
Sala dos Reis - A primeira sala que visitamos ao entrar no
mosteiro é a chamada Sala dos Reis. A antiga capela construída no
século XVIII ganhou esse nome por expor as estatuas de todos os monarcas
portugueses. No centro da Sala há uma imagem da coroação de D. Afonso
Henriques pelo Papa Alexandre III e por São Bernardo. Para completar a
obra, a sala é revestida pelos famosos azulejos portugueses que contam a
historia da fundação do mosteiro.
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Sala dos Reis - Inicio da visita no mosteiro de Alcobaça. |
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Imagem de D. Afonso Henriques sendo coroado o Rei de Portugal pelo Papa e São Bernardo. |
Claustro D. Dinís - O Claustro D. Dinis ou Claustro do Silencio
(era proibido conversar nesse local) foi construído entre 1308 e 1311 e
apesar de ser construído por D. Dinis, o dinheiro usado na construção
foi deixado de herança por D. Afonso III. Considerado um dos mais belos
Claustros de Portugal, foi reformado durante o reinado de D. Manuel I
(1495-1521) onde foi acrescentado ao Claustro um piso superior
(Sobreclaustro).
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Vista do Claustro D. Dinis |
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Detalhe do Claustro D. Dinís - Estrela de Davi ou Selo de Salomão |
D. Dinis - o Lavrador foi um dos mais notáveis reis portugueses.
Foi durante seu reinado que a produção agrícola (dai o codinome de o
Lavrador), a exploração de minas e o comércio interno foram fortemente
incentivados. Responsável pela fundação da Universidade de Coimbra (ou
transferência), D. Dinis também foi o primeiro monarca a
incentivar/patrocinar as artes e a difusão de conhecimento, foi ele
que tomou a decisão de redigir todos os documentos oficiais do estado em
português. Dentro deste contexto, D. Dinis transformou o mosteiro de
Alcobaça em um grande centro estudos.
Foi nesta época também que os monges de Cister se ligaram aos Cavaleiros
da Ordem de Cristo. Depois do Papa decretar a extinção dos cavaleiros
Templários, D. Dinís obteve a autorização papal para criar uma nova
ordem militar em Portugal (Ordem de Cristo) e transferir todos os
privilégios e posses dos cavaleiros do Templo para a nova ordem militar.
Cabia aos abades do Mosteiro de Alcobaça inspecionar a Ordem de Cristo e
receber o juramento dos Mestres da Ordem.
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Cruz da Ordem de Cristo decorando o Claustro D. Dinís. |
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Inscrição na parede do Claustro D. Dinis. |
Cozinha do Mosteiro - Localizada entre o Refeitório e a Sala dos
Monges, a cozinha do mosteiro foi reconstruída no século XVII e
impressiona pela dimensão de suas mesas em pedra e principalmente da
chaminé revestida de azulejos no centro da cozinha.
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Chaminé da Cozinha do Mosteiro. |
Os monges de Cister eram conhecidos por seus conhecimentos em
Hidráulica. Esse conhecimento fica evidente no mosteiro de Alcobaça onde
os monges desviaram o córrego Levada através de galerias subterrâneas
para prover água fresca e corrente para o interior do mosteiro.
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Tanque de água corrente da cozinha do mosteiro. |
Todo Claustro de mosteiro possui uma fonte na entrada do refeitório onde
normalmente os monges se lavavam antes das refeições. O mosteiro de
Alcobaça não foge a regra e também possuí uma fonte que é abastecida
pelas águas do córrego Levada. Aqui também era o local onde os monges
realizavam a tonsura (tosa do cabelo).
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Lavado do mosteiro de Alcobaça |
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Detalhe do Lavabo do Claustro D. Dinis. |
Refeitório - O impressionante refeitório encanta os visitantes
devido a suas dimensões e complexidade da arquitetura e por suas três
naves abobadadas. Destaque para o Púlpito do Leitor acessado por uma
pequena escada situada a oeste da sala(lado esquerdo da foto), onde os
monges realizavam diariamente da leitura sacra durante as refeições.
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Refeitório do mosteiro de Alcobaça |
Dormitório - Localizado no
andar superior do Claustro D. Dinis, o dormitório do mosteiro possui
1300 mts² e ainda guarda suas características medievais. O local
possuía um acesso ao transepto da igreja e a cozinha do mosteiro através
de uma escada caracol.
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Dormitório do mosteiro de Alcobaça |
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Detalhe de uma das colunas próxima ao dormitório do mosteiro. |
O dormitório do mosteiro também dá acesso ao terraço do Claustro D.
Dinis. Nesta parte do claustro construído no estilo Manuelino é possível
ver o antigo "relógio de sol" do mosteiro e algumas pedras trabalhadas
pelos monges.
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Relógio de sol do Mosteiro de Alcobaça |
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Detalhes da colunas do claustro D. Dinis. |
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