Eleita uma das
7 maravilhas de Portugal,
a histórica e encantadora Vila de Óbidos deveria fazer parte de
qualquer roteiro turístico em Portugal. A história da Vila de Óbidos tem
inicio em 308 a.C. com a fundação da cidade Romana de Eburobrittium
cujas as ruínas do fórum romano foram encontradas durante obras na
estrada IP6 e IC1. Os romanos foram subjugados pelos Visigodos no século
V que posteriormente foram dominados pelos Mouros. Durante o período de
dominação Muçulmana em Portugal que durou mais de 500 anos, os Mouros
iniciaram a construção do castelo de Óbidos que serviria para barrar o
avanço de tropas inimigas vindas do Norte em direção a Santarém e Lisboa
que eram os principais portos do país.
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Vista da cidadela de Óbidos. |
Durante a reconquista cristã, D. Afonso Henriques ao invés de sitiar
Óbidos, contornou a cidade e conquistou Santarém. Após a conquista de
Santarém as tropas com o moral alto sitiaram e dominaram
Lisboa (quer saber mais sobre essa história
clique aqui).
Somente após isolar Óbidos D. Afonso Henriques apoiado por seu
comandante Gonçalo Mendes da Maia "O Lidador" invade a cidade no dia
11 de Janeiro 1148 após
8 meses de cerco. Após a reconquista, a região de Óbidos foi doada aos
templários que montaram na região de Leiria um pentágono defensivo
composto por 3 fortificações e 2 mosteiros: Óbidos, o
Mosteiro de Alcobaça (construído pela ordem de Cister), o
Mosteiro da Batalha, a cidade de Tomar (Cidade Templaria) e o castelo de Almourol (
clique aqui e conheça as outras cidades que formavam esse pentágono defensivo).
O sucessor de D. Afonso Henriques, Sancho I aumentou as fortificações
do castelo e concedeu o primeiro Foral da cidade em 1195.
No período conhecido como crise de 1245 (
Quando Sancho II
foi excomungado pelo Para e seu irmão Afonso III assume o reino) a
cidade de Óbidos que era leal a Sancho II resistiu aos sítios impostos
por D. Afonso III e recebeu o titulo que ainda esta em seu brasão de
armas de "
mui nobre e sempre leal". Em 1282 D. Dinís o "Lavrador" (1261 - 1325) deu o castelo de Óbidos de presente de casamento a sua esposa a
Rainha Santa Isabel (A Rainha da
lenda do milagre das rosas) criando
assim uma tradição de Óbidos fazer parte do dote de todas as rainhas
até 1834. Devido a essa tradição a cidade ficou conhecida como "
A Cidade das Rainhas".
Durante a
Batalha de Aljubarrota (1385), o alcaide de
Óbidos tomou o partido de João I de Castela e lutou contra João I eleito
Rei de Portugal pelas Cortes de Coimbra. O alcaide (João Gonçalves)
morreu na batalha e o castelo de Óbidos foi entregue a João I. Quem
quiser ler mais sobre a
Batalha de Aljubarrota - A batalha mais importante da historia de Portugal, não deixe de acessar nossa postagem sobre o Mosteiro da Batalha
clicando aqui.
Com a consolidação do Império português, a vila dos "toupeiros" (apelido
dado a população de Óbidos devido a extensa rede de tuneis construídos
sob o castelo e as muralhas que garantiam o abastecimento da
fortificação em longos sítios) foi pouco modificada militarmente até
1755 quando um grande terremoto danificou muito a cidade. Com o passar
dos anos a cidade foi reconstruída e hoje é um dos principais destinos
turísticos de Portugal. O Antigo Castelo foi transforma em pousada.
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Mirante da vila de Óbidos - Entrada do Castelo medieval - Atual Pousada do Castelo |
Como chegar:
Carro - Essa foi a opção que escolhi quando fui visitar Óbidos.
Quem estiver na região Norte de Portugal pode seguir na autoestrada A1
em direção a Lisboa e próximo a Leiria pegar a rodovia A8 que vai direto
a Óbidos. Quem acessar a A1 após Leiria, pode acessar a A8 em Santarém.
Saindo de Lisboa já há uma entrada para a A8.
Ônibus- Quem optar por esse meio de transporte pode sair de
Lisboa num ônibus da empresa
rodotejo (
7,60 €) que para na entrada da cidade medieval. Infelizmente não achei informações sobre outras cidades que oferecem ônibus para Óbidos.
Trem- Outra opção para chegar a Óbidos é utilizando o transporte ferroviário. Para chegar a Óbidos é preciso sair de
Lisboa (Gare do Oriente). Para comprar seus tickets de trem on-line acesse o site da Cia de comboios portugueses
clique aqui.
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Entrada principal da Vila de Óbidos vista do exterior. |
O que visitar:
Porta principal da cidade- Considerada a entrada principal da
cidadela de Óbidos, a porta construída em "S" típica de estruturas
defensivas do século XVII foi assim constituída para dificultar o acesso
de soldados inimigos a área interna dos muros. Passando pela primeira
porta, nos deparamos com um portal do século XVIII ricamente ornamentado
com azulejos representando a Paixão de Cristo (Agonia de Jesus no Horto
e a Prisão de Jesus). Também foi construído um oratório dedicada a
Nossa Senhora da Piedade, padroeira da Vila. Situada sobre a porta se
encontra uma inscrição que diz: 'A Virgem Nossa Senhora foi concebida
sem pecado original', mandada colocar pelo Rei D. João IV em
agradecimento a sua petição.
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Porta principal da cidade de Óbidos - Padrão militar tipico do século XVII - Azulejos com cenas da paixão de Cristo. |
Igreja Matriz- A Igreja Santa Maria de Óbidos situada na praça de
mesmo nome é o principal local de culto da cidade. Acredita-se que o
local era utilizado para cultos no período visigótico. Na idade média
durante a dominação muçulmana, o local foi transformado em mesquita.
Após a cidade ter sido subjugada por D. Afonso Henriques, a mesquita foi
transformada em Igreja Católica.
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Igreja Matriz de Óbidos - Portal Renascentista. |
A igreja de fachada simples e torre única apresenta um portal
maneirista/renascentista onde se destaca a imagem de Nossa Senhora da
Assunção. O interior da igreja que é todo revestido com azulejos
barrocos que contrastam com o teto de madeira pintada e com o belo altar
finamente decorado com cenas da vida da Vigem Maria. Em 1475 o local
foi escolhido pela família real para celebrar as bodas do infante D.
Afonso (mais tarde D. Afonso V de Portugal) sua prima D. Isabel.
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Decoração do interior da Igreja Matriz de Óbidos. |
Pelourinho e Chafariz de D. Catarina- Localizados no largo na
frente da Igreja Matriz, o pelourinho e o chafariz fazem parte de um
mesmo conjunto construído em granito. O Pelourinho que simbolizava o
poder e autonomia da Vila foi decorado redes (Camaroeiro) símbolo da
Rainha D. Leonor e o chafariz alimentado pelo aqueduto da cidade
apresenta as armas D. Catarina de Áustria.
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Pelourinho Manuelino da frente da Igreja de Santa Maria. |
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Chafariz de D. Catarina - Armas da rainha no centro. do chafariz |
Rua Direita- Como toda cidade portuguesa, claro que aqui não
poderia faltar uma rua de comercio com o nome de Rua Direita. Nomeada
como Rua Direita desde o século XIV, a via liga a porta da Vila ao Paço
dos Alcaides. Apesar do aspecto ainda medieval muitos comércios e casas
sofreram transformações ao longo dos séculos onde alguns dos antigos
portais góticos das casas foram ocultados.
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Rua Direita - Toda cidade portuguesa possui uma rua de comercio chamada rua direita. |
Padrão Camoneano- Este é o padrão (marco) construído nas cidades
citada por Luis de Camões em sua obra os Lusíadas. Os Lusíadas foi
publicado em 1572 descrevendo episódios da história de Portugal,
glorificando o povo português. Óbidos é mencionado nos Lusíadas no
Canto III, estrofe 61.
Que cidade tão forte porventura
Haverá que resista, se Lisboa
Não pôde resistir à força dura
Da gente cuja fama tanto voa?
Já lhe obedece toda a Estremadura,
Óbidos, Alenquer (por onde soa
O tom das frescas águas entre as pedras,
Que, murmurando, lava) e Torres Vedras.
Luís de Camões, Os Lusíadas
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Padrão Camoneano - marco usado em todas cidades citadas por Camões no Lusíadas. |
Aqueduto - Construído em 1570 sob as ordens da Rainha D. Catarina
de Áustria (mulher de D. João III) que custeou a obra, o aqueduto de
Óbidos possui 6 km de comprimento (3 km são subterrâneos) e liga a
nascente da Usseira aos chafarizes de Óbidos.
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Aqueduto que abastecia o castelo de Óbidos. |
Igreja de São Tiago- Construída a mando de Sancho I em 1186 e com
uma entrada discreta para o castelo de Óbidos, a Igreja de São Tiago
foi usada durante séculos pela Família Real Portuguesa. Ao longo dos
anos a Igreja foi enriquecida com numerosas obras de arte onde se
destacava a Galeria da Rainha. A igreja foi totalmente destruída pelo
terremoto de 1755 e reconstruída em 1772. Atualmente a igreja foi
transforma em livraria.
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Igreja de São Tiago - Atual Livraria de Santiago |
Sinagoga de Óbidos - Tendo como base a Judiaria da cidade,
acredita-se que o principalmente templo de oração hebraica dos séculos
XIV e XV é o edifício abaixo localizado próximo a igreja e ao cruzeiro
da Misericórdia.
Mercado medieval de Óbidos - O Mercado Medieval de Óbidos que ocorre de 11 de Julho a 03 Agosto
é um evento de recriação histórica que transforma a Vila de Óbidos num
burgo da idade média. Bobos, cuspidores de fogo, dançarinos, músicos,
soldados e cavaleiros medievais transitam livremente pela cidade onde
algumas encenações são realizadas. Dentre as encenações, destaque o
sitio imposto por Afonso III ao castelo durante a crise de 1245. Quem
quiser visitar o mercado medieval pode comprar um ingresso por 6 € ou alugar um traje típico pelo mesmo valor e entrar de graça.
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Mercado Medieval de Óbidos |
O que comer:
Carne de porco com amêijoas - Amêijoas são moluscos como marisco
que são fritos com porco cortado em cubos e servido com batatas fritas.
Este prato pode ser encontrado nos restaurantes da cidade por
aproximadamente
10 €.
Caldeirada de Enguias - Caldeirada é um prato típico português a
base de batatas onde geralmente todos seus ingredientes são cozidos
(estufados aqui em Portugal) juntos. No caso desta caldeirada, as
Enguias são cozidas com vinho branco, pimentão, cebolas e
berbigão. O prato pode ser encontrado com preço variando de
8 a
15 €.
Ginjas de Óbidos - Ginjas são uma espécie de cereja usadas aqui
em Portugal para fazer um licor muito apreciado por portugueses e
turistas. Óbidos tem tradição na fabricação da bebida que pode ser
degustada em copos de chocolate em qualquer tasca da vila. Provavelmente
quem provar a bebida irá levar uma garrafa para casa.....
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