Localizada no Norte de Portugal, a cidade de Guimarães deveria estar na
lista de todos os viajantes que desfrutam de ferias no país lusitano não
só por sua beleza mas pelo papel crucial da cidade na fundação do
estado português. A historia de Guimarães remete aos primeiros anos da
era cristã onde um enorme granítico situado próximas as termas de Caldas
das Taipas cita o uso das termas por romanos em 100 d.C..
Durante Alta idade média (Até 1139) a cidade de Guimarães era capital do
condado Portucalense que era vassalo ao Reino de Castela. Após a morte
do
Conde D. Henrique de Borgonha, o
condado passou a ser controlado por sua esposa D. Teresa de Leão que
devido à laços familiares se associou ao reino galego de Leão. Um dos
filhos do casal, o infante D. Afonso Henriques sai de casa aos 14 anos,
se arma cavaleiro e inicia sua jornada pela independência de Portugalia.
Em 1128 o Infante vence uma batalha contra o sua mãe e o Reino de Leão
próxima a cidade de Guimarães e Infante assume o controle do condado de
Portugalia (Batalha de São Mamede). Devido a importância da batalha de
São Mamede na criação do estado português, Guimarães ficou conhecida
como o
Berço de Portugal.
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Castelo de Guimarães - A lenda conta que a Batalha de São Mamede ocorreu próxima a fortificação. |
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Ara de Trajano- Inscrição honorífica a Trajano, datada de 104 d.C. - crédito da imagem |
Durante os séculos seguintes, diversos monarcas realizaram benfeitorias
na cidade. No reinado de D. Dinís a cidade foi parcialmente murada com
intuito de proteger a vila que se formava ao entorno do castelo. Durante
o império de D. João I, a Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira recebe
diversas doação do monarca em agradecimento a vitoria de Nuno Alvares
Pereira na Batalha de Aljubarrota (
clique aqui para ver o mosteiro construído no local da batalha)
e anos mais tarde, D. Afonso o Duque de Bragança ergue o magnífico Paço
Ducal. Durante o século XVI o convento da Costa é abandonado pelos
Agostinhos e entregue aos Jerônimos que ali iniciam grandes obras e
estabelecem uma Universidade na cidade.
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Remanescente da muralha medieval construída por D. Dinís. |
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Caminho do castelo - Estatua em homenagem a D. Afonso Henriques |
Como chegar
Trem - É possível chegar a cidade de Guimarães por trem saindo da cidade o
Porto. O trajeto que demora aproximadamente 70 minutos e custa
3,10 €. Para maiores informações ou compra de bilhetes on-line, acesse o site da dos
Comboios de Portugal clicando aqui.
Carro -
Quem estiver de carro é possível chegar a Guimarães a partir do Porto
em aproximadamente 30 minutos utilizando as estradas A7 e A3. Saindo de
Braga demorará aproximadamente 15 minutos pela A11. Quem estiver na
capital portuguesa deve seguir pelas estradas A3, A7 e A1, o trajeto
demora aproximadamente 2h30.
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Sempre é um prazer dirigir em Portugal - Quem quiser conhecer o castelo da fotos clique aqui. |
O que visitar:
Castelo de Guimarães - Construído no topo do campo de São
Mamede, o castelo de Guimarães começou a ser construído no final do
século XI a pedido Conde D. Henrique. Anos mais tarde o Rei D. Dinís
ordena uma remodelação da fortaleza e termina a construção do muro que
defendia o castelo e a vila de Guimarães. A atual aparência com suas 8
torres quadrangulares e muros com merlões piramidais que protegem a
torre de menagem são o resultado de diversas intervenções realizadas
por diversos monarcas ao longo dos séculos.
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Castelo de Guimarães - Resultado de muitas benfeitorias feitas ao longo de séculos. |
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Acesso a torre de menagem do Castelo de Guimarães |
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Castelo foi parcialmente destruído |
Com o avanço nas táticas de guerra e na artilharia, o castelo de
Guimarães perdeu sua função defensiva e foi transformado em prisão e
posteriormente palheiro real. Com o passar dos anos o local o local foi
abandonado e parte de suas pedras foram utilizadas em outras construções
da cidade. Atualmente o local que está sendo restaurado é aberto à
visitação.
Igreja de São Miguel do Castelo - Apesar de possuir
dimensões pequenas e decoração simples, a Igreja dedicada a São Miguel é
rica em historia. Segunda a lenda, foi nessa igreja que D. Afonso
Henriques foi batizado. Conhecida como capela real, a igreja construída
no estilo românico é aberta a visitação. No interior da capela o
visitante pode ver a pia batismal onde o 1ª Rei português foi batizado e
uma lápide com a seguinte inscrição: “nesta pia foi baptizado o Rei D. Afonso Henriques pelo Arcebispo S. Geraldo no ano do Senhor 1106.”
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Igreja de São Miguel - Local do possível Batizado de D. Afonso Henriques |
Paço dos Duques de Bragança - Inspirado nos palácios de
Borgonha, o Paço dos Duques de Bragança em Guimarães foi construído no
século XV a mando de D. Afonso I, Duque de Bragança. Muito utilizado
pelos duques de Bragança durante o século XV, nos anos seguintes o
edifício foi abandonado e chegou as ruínas.
Durante o governo de Salazar (1932- 1968) o local foi restaurado e se
tornou residência oficial do presidente. Atualmente o local abriga um
belo museu onde é exibido armas, tapetes persas, tapetes flamengos,
etc....
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O Paço dos Duques de Bragança - Um dos palácios mais visitados de Portugal. |
Confesso que quando visitei o local não sabia o que o museu ofereceria e
gostei muito do que foi apresentado. Fique impressionado com as
tapeçarias que ilustram cenas da chegada dos portugueses a Arzila assim
como a tomada de Tânger pelos portugueses. Também gostei muito do salão
dos banquetes com seu teto em formato de casco de caravela e suas
procelas do século XVII. O preço para visitar o museu do Paço dos Duques
é de
5,00 € (Gratuito no 1ª domingo do mês). Para maiores informações, acesse o site do
Paço dos Duques clicando aqui.
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Salão dos Passos Perdidos - Tapeçaria ilustrando a tomada de Tanger. |
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Diversas coleções expostas no museu Paço dos Duques de Bragança |
Capela do Paço dos Duques - Localizado no interior do Paço
dos Duques, a capela construída no estilo gótico possui em usa entrada
oito colunas trazidas por D. Afonso de Ceuta como troféu de guerra
(1415) e o Brasão do Duque esculpido na rocha. No interior da capela
veem-se quatro retábulos de madeira do séc. XVII e reproduções de telas
italianas: uma de Rafael ”
A Transfiguração” e outra de Domenichino, “
A Última Comunhão de S. Jerónimo”.
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Entrada da Capela do Paço dos Duques - Colunas de Ceuta e brasão do Duque de Bragança; |
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Interior da Capela do Paço dos Duques - Retábulos de madeira do séc. XVII |
Largo da Oliveira - Localizado no centro histórico de
Guimarães, o Largo da Oliveira conta muito sobre a história de
Guimarães. Ao chegar ao Largo, o viajante se depara com a Igreja de
Nossa Senhora da Oliveira (Igreja da Colegiada de Guimarães). Construída
em 949 a igreja abrigava uma imagem de Santa Maria que era venerada por
D. João I. Após a
batalha de Aljubarrota
o monarca financiou uma reforma na Igreja que foi concluída em 1413. Na
frente da Igreja da Colegiada, temos o Padrão do Salado, monumento
construído para homenagear os soldados e lembrar a vitória de Dom
Afonso IV sobre os mouros em 1340.
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Igreja da Colegiada e Padrão do Salado - Construções emblemáticas de Guimarães |
Ligando o Largo da Oliveira e a Praça de Santiago através das belas
arcadas góticas temos o Domus Municipalis. O edifico decorado com
esferas armilares e uma estatua que representa Guimarães foi paços do
concelho durante o reinado de D. João I.
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Domus Municipalis - Paços do concelho durante o reinado de D. João I. |
Praça Santiago - Reza a lenda que a imagem de Santa Maria
que D. João adorava foi trazida para Guimarães pelo apóstolo S. Tiago e
colocada num Templo pagão num largo que passou a chamar-se Praça de
Santiago. Apesar de o templo pagão ter sido destruído, a praça que leva o
nome de S. Tiago ainda conserva suas características medievais.
Atualmente a praça é rodeada de Bares e restaurantes.
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Praça Santiago - Características medievais ainda preservadas |
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Praça Santiago - Bares e restaurantes que animam a praça |
Museu Alberto Sampaio - O edifício branco ao fundo da
foto abaixo abriga o museu Alberto Sampaio. Instalado no edifício da
antiga Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, o museu apresenta
pinturas, arte sacra, esculturas e uma importante coleção
de ourivesaria. Destaque especial para o cálice de D. Sancho I e as
roupas usadas por D. João I vestiu na
batalha de Aljubarrota. O preço para visitar o museu é de
3,00 €.
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Museu Alberto Sampaio - Edifício Branco ao fundo do Jardim do Largo da Republica do Brasil |
Igreja de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos - Construída
em 1785, a igreja é um belo exemplar de arquitetura barroca. A igreja
que substituiu a antiga igreja dedicada a Nossa Senhora da Consolação
(construída em 1576) teve a Casa do Despacho e a Capela do Senhor dos
Passos construída no século XIX.
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Igreja de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos |
Largo João Franco - Também conhecido como Largo da
misericórdia, o local abriga vários monumentos, restaurantes e edifícios
típicos portugueses. Dentre os destaques temos uma fonte em granito
construída em 1820 e a Escultura de Dom Afonso Henriques inaugurada em
2001.
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Largo da misericórdia - Edifícios e restaurantes típicos portugueses. |
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Escultura do Rei D. Afonso Henriques, situada no largo João Franco |
Rua de Santa Maria - Uma das primeiras ruas de Guimarães, a Rua Santa Maria era a ligação entre o Largo da Oliveira e o antigo Convento de Santa Maria que atualmente abriga a câmara municipal de Guimarães.
O que comer:
Torta de Guimarães - A cidade de Guimarães é conhecida por suas
receitas originarias de Conventos e um delicioso exemplo dessa herança
são as Tortas de Guimarães. A torta na verdade é um folhado recheado com
amêndoas e gila (abóbora).
Toucinho do céu - O doce que recebe esse nome devido a sua versão
original ter banha de porco como ingrediente, o toucinho do céu é um
bolo que assim como a torta de Guimarães é feito de ovos, amêndoas
moídas e doce de gila (abóbora).
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